SINOPSE
Um dos paradoxos apresentados pela experiência psicanalítica é a constatação de que, com a resolução da transferência, algo tão volátil e efêmero como a fala que se dirige ao analista sob a regra da associação livre se grava de forma indelével, à maneira de uma caligrafia. O engenho assumido pelo analisante de dizer apenas com palavras o que apenas palavras não podem dizer não só revela os modos pelos quais algo impossível de nomear simbolicamente continua a produzir efeitos, como também dá voz a um saber fazer com o gozo que habita todo ser falante.
Na sucessão dos capítulos deste livro de Heloisa Caldas, cujas bases se assentam tanto na extraordinária força da literatura ante os desarranjos do mundo quanto em sua prática clínica, acompanhamos como a voz se presta à elaboração do que resulta do encontro com a língua materna anterior à articulação da fala. Por meio dos efeitos desse encontro do qual não se escapa, apreende-se a dimensão de equivocidade própria à linguagem, cuja contingência dá origem aos ruídos, às assonâncias, aos mal-entendidos e aos cortes singulares que se enxertam no corpo e constituem a fonte da criação de novos sentidos para a aventura humana.
Ao leitor, resta, se lhe é possível, deixar-se levar pela singular sonoridade desfiada linha a linha pela autora no uso da clínica e da teoria psicanalíticas, e na apropriação de dois romances do escritor português José Saramago. De Todos os nomes (recebemos apenas um) a Levantado do chão (uma das consequências da entrada na linguagem), imprime-se uma história, cujos destinos, ao encontrarem voz própria, acabam sendo escritos. — Vera Avellar Ribeiro
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