Lembrando do iceberg citado por Freud, no qual a parte visível corresponderia ao nosso consciente, talvez possamos dizer que entre a psicanálise e a comunidade está toda aquela parte submersa do iceberg, que corresponde ao id e ao reprimido e que, quando se refere a uma problemática nossa, como indivíduos, preferimos não ver. Como psicanalistas, devemos tentar suportar o conflito, não inventando novos deuses nem falsas rupturas entre a comunida¬de e nós. Se destruímos seus ídolos de ouro ou de barro, devemos permanecer sabendo que deuses não somos, mas possuímos um conhecimento que pode ajudá-los a suportar as frustrações, a fortalecer seus egos e, na medida do possível, a resolver sua problemática cultural, sem esquecer que Freud colocou que para vivermos em sociedade temos que inibir parte de nossos impulsos instintivos e, portanto, aprender a conviver com conflitos neuróticos. Afinal, é isso o que fazemos quando analisamos nossos pacientes - suportando seus medos e sua agressividade- auxiliando-os a resolverem sua problemática edipiana que, insisto, também é nossa.